É assim que feministas
frequentemente descrevem a Bíblia. E estão certas. É totalmente patriarcal, do
princípio ao fim. Como o amor e o casamento, a Bíblia e o patriarcalismo andam
juntos. Qualquer tentativa de abandonar o governo dos homens precisa começar
com a renúncia do governo de Deus, isto é, a Santa Bíblia.
As Escrituras são especialmente
direcionadas aos homens. Todo cristão atencioso – homem, mulher e criança –
sabe muito bem que ao se dirigir aos homens, Deus está se dirigindo a todos.
Pois o homem é a cabeça nas diversas esferas pactuais e ao se dirigir aos
homens, Deus deixa claro o que ele pensa sobre “linguagem inclusiva”.
Por exemplo, nos Dez
Mandamentos, Deus ordena: “Não cobiçarás a mulher do teu próximo”. Ele não
precisa repetir este mandamento de forma adaptada para as mulheres. Não que as
mulheres sejam imunes da possibilidade de cair nesta tentação, mas porque,
tendo falado com o homem, o mandamento se aplica a todos conforme sua posição.
Segundo Deuteronômio 16.16, os
homens tinham a obrigação de comparecer três vezes por ano diante do Senhor (apesar
das mulheres terem permissão de ir e frequentemente iam: 1Sm 1; Lc 2.39). Em
Deuteronômio 29, o pacto é estabelecido especialmente com os homens israelitas:
“Vós todos estais hoje perante o Senhor vosso Deus: os vossos cabeças, as
vossas tribos, os vossos anciãos e os vossos oficiais, a saber, todos os homens
de Israel, os vossos pequeninos, as vossas mulheres” (Dt 29.10-11).
No Novo Testamento, Mateus 14.21
registra que 5.000 homens foram alimentados (o que deveria ser em torno de
20.000 no total) e novamente restringe a contagem aos homens em Mateus 15.38
quando fala dos 4.000 que foram alimentados.
No Dia de Pentecostes, em Atos
2, Pedro é bem explicito (como o grego revela) ao falar dos “homens
religiosos”(v. 5), “homens judeus” (v. 14), “homens irmãos” (vs. 29,37).
Estevão direcionou seu discurso aos “homens, irmãos, e pais” (7.2) e Paulo fez
o mesmo (22.1). Em Romanos 11.4, Paulo significativamente acrescenta a palavra
“homens” em sua citação de 1Reis 19.18: “Reservei para mim sete mil homens, que
não dobraram os joelhos a Baal”. E quando o apóstolo João escreveu para as
igrejas, ele especifica jovens homens e pais como seus destinatários.
Novamente, essa é a linguagem inclusiva da Bíblia.
Sim, as feministas estão certas
quando reconhecem que a Bíblia é irremediavelmente patriarcal, pois nela
encontramos que os homens são nomeados presbíteros (sem exceção), juízes (com
uma exceção interessante), profetas (com poucas exceções), sacerdotes e
apóstolos (sem exceções). Além disso, tentar encontrar uma anja se manifestando
de forma feminina é procurar em vão.
Evidentemente, isso tudo é
extremamente incômodo para aqueles que acham que Deus e sua Palavra estão fora
de sintonia com os próprios desejos. A resposta de professores que gostam de
ser chamados de “feministas evangélicos” é encontrar uma maneira hermenêutica
ou exegética de negar aquilo que é obvio.
Alguns, por exemplo, têm
defendido o que chamam de “hermenêutica escatológica” em oposição a
“hermenêutica protológica”. Basicamente, essa invenção vã defende que o Gênesis
não estabelece a norma ética para a igreja e sim o céu, pois lá está nossa
cidadania. Sendo assim, ainda que seja possível que Eva tivesse algum papel de
subordinação depois da queda (fazer com que feministas reconhecem pelo menos
isso já é algo incrível!), nossa ética não flui do passado, mas do futuro. Como
no céu não haverá macho ou fêmea (não pergunte sobre os 24 anciões ao redor do
trono; simplesmente divirta os inovadores por um momento), devemos estar
desenvolvendo as implicações desta verdade agora, na igreja e em todas as
esferas, apagando distinções de papeis baseadas em sexo. Aparentemente, não
passou pela cabeça desses espertalhões que para ser consistentes, eles devem,
entre outras coisas, pedir que a igreja promova o fim completo do casamento
neste mundo juntamente com o sexo!
Como Bavinck, Dabney e outros já
disseram, somente os radicais permaneceram para a briga final, pois todas as
tentativas de meio-termo fracassam por fraqueza. Sendo assim, devemos
reconhecer que só existem realmente duas posições dignas de serem seriamente
consideradas por um aprendiz: o feminismo consistente e o pactualismo bíblico
consistente. E os dois lados reconhecem completamente que não é possível fazer
com que a Bíblia ensine o que “feministas evangélicos” gostariam que ensinasse.
Já fazem mais de cem anos que
Elizabeth Cady Stanton produziu “A Bíblia da Mulher”, na qual argumentou que o
Judaísmo e o Cristianismo ortodoxo precisavam ser eliminados para que os ideais
feministas (como seria chamado depois) pudessem triunfar. Sua intenção não era
fazer com que a Bíblia parecesse menos “sexista”. Na opinião dela, isso seria
impossível. Em vez disso, ela lutou para abolir a autoridade bíblica
completamente, enfatizando o que julgava ser absurdo e contraditório.
A feminista contemporânea Naomi
Goldenberg apresentou as premissas de Stanton à uma nova geração em seu livro,
“A Troca dos Deuses”. “Muitas feministas de hoje não estão dispostas a rejeitar
a tradição Judaico-Cristã de maneira tão completa. Então eles se voltam para a
exegese com o objetivo de preservar os sistemas religiosos do Judaísmo e do
Cristianismo. Preferem revisão à revolução”. Ela avisa às irmãs de batalha que
isso é um empreendimento ilusório. “Jesus Cristo não pode simbolizar a
libertação da mulher. Uma cultura que imagina sua divindade mais sublime como
um homem, não é capaz de deixar que as mulheres se vejam como iguais aos
homens”. Ela insiste que feministas precisam deixar Cristo e a Bíblia para
trás.
A filósofa feminista Mary Daley
usa uma linguagem mais violenta e fala sobre o Deus castrador. “Eu já sugeri
que se Deus é homem então o homem é Deus. O patriarca divino castrará as
mulheres enquanto ele tiver permissão para viver no imaginário coletivo”.
Theodore Letis (que já escreveu
poderosamente sobre a raiz anticristã do feminismo) apropriadamente acusa
comprometedores evangélicos e reformados: “É óbvio que todas as tentativas
bem-intencionadas de evangélicos de ofuscar a ideia masculina da Divindade para
apaziguar os feministas, longe de convencê-los, faz com que se tornem
conspiradores nesta castração cósmica”. A luta por uma linguagem litúrgica
“sexualmente neutra” provocou uma revisão em lecionários, saltérios (a
Christian Reformed Church alterou o Salmo 1, “Bem-aventurado o homem…”, para
“Bem-aventuras são…”), hinários e até traduções bíblicas foram revisadas.
Deus criou os homens para serem
cabeças pactuais. A rejeição do patriarcalismo exige a rejeição da Bíblia e do
Deus da Bíblia. Aceitar a Bíblia requer aceitar o patriarcalismo. Não é
possível interpretar de qualquer outra maneira.
A má notícia é que o feminismo
igualitário ficará pior e isso significa que as coisas irão piorar para
mulheres e crianças, pois o patriarcalismo bíblico é a defesa mais segura das
mulheres e crianças. A boa notícia é que o feminismo fracassará completamente,
pois está fora de sintonia com a Palavra e o mundo de Deus. Você pode correr da
verdade, mas não pode se esconder. E quando o juízo vier, montanhas caindo não
serão suficientes para escondê-lo.
Uma das manifestações cômicas do
anti-patriarcalismo é a tendência das mulheres de eliminar o sobrenome do
casamento. “Nenhum homem vai me definir!” Mas, ao continuar com o sobrenome
original, são simplesmente lembradas de que este foi o nome que a mãe recebeu
do pai. E caso alguma feminista consiga fugir disso ao adotar o nome de
solteira da mãe, só estarão retrocedendo uma geração, até a avó materna. Se
continuarem irritadas, terão que retroceder até Eva para conseguir um nome que
não veio de um papai. Mas, ainda assim, Eva recebeu seu nome de Adão (Gn 3.20).
Não há escapatória. Revolução
não é fácil, não é mesmo? Mas, se submeter a Jeová é vida e paz. Graças a Deus:
o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Amém.
FONTE: http://monergismo.com/steve-schlissel/irremediavelmente-patriarcal/. Tradução: Frank Brito. Fonte: Faith For All Life
Nenhum comentário:
Postar um comentário