Recentemente
me perguntaram se existe diferença entre "heresia" e "erro
teológico". O questionador, creio, tinha a intenção de verificar se é
possível dizer que algumas coisas são frontalmente contrárias à palavra de Deus
e Suas verdades essenciais, enquanto outras se enquadrariam, penso, em algum
desvio da verdade, mas sem comprometer os sustentáculos do Reino.
Respondendo
à pergunta, sim, acredito que exista, no nível humano da compreensão, diferença
entre estas duas coisas. Digo "humano", porque para Deus não existe
"meia verdade" ou "pequena distorção da verdade", pois não
vemos em Sua palavra, qualquer resquício de sombra de variação (Tg 1.17), não
podendo, qualquer indivíduo, supor que o Senhor tolere máculas a Sua vontade.
Por
"heresia", entendo aquele ensino pecaminoso e frontal ao se
dissimular, enganar, ludibriar e ensinar o que é flagrantemente falso e viole
doutrinas claríssimas da Escritura. Exemplos não faltam: soberania plena de
Deus, depravação do homem, necessidade da fé em Cristo, um único mediador...
Todas doutrinas inegociáveis da fé cristã. A lista não tem fim e é composta de
doutrinas que, quando negadas/distorcidas, correspondem a rejeitar o próprio
Deus e Sua Palavra.
Já
por "erro teológico", muito embora, novamente, para Deus, não exista
diferença, na vida pós-pecado, todos os homens, por mais puros que sejam,
erraram e erram em algum ponto. Presbiterianos e batistas discordam sobre
vários pontos, mas nem por isso se consideram inimigos da fé, desde que
concordem nos pontos básicos da salvação; alguns cristãos pensam que o culto
pode conter alguns elementos (banda, apresentação de crianças...), enquanto
outros entendem que o culto do Novo Testamento deve ser mais singelo e simples;
questões sobre como será a vida no porvir, então, não cansam de render bons
debates e suscitar as mais diversas interpretações. Seja como for, são
possíveis erros na teologia, isto é, na interpretação de quem Deus é e o que
nos ensina, erros de interpretação, mas que não interferem na comunhão direta e
plena com o Senhor, bem como com os irmãos.
É
evidente que alguém poderá argumentar, por exemplo, que um "culto
bagunçado" fere a comunhão com o Senhor e nisto sou obrigado a concordar.
Todavia, não posso anuir com a ideia de que somente um "tipo" de
culto seja aceitável diante de Deus. Sim, Deus tem apenas um tipo de culto em
Sua Palavra e Ele deixou exemplos claríssimos de que abomina outras variações -
mas, se nem mesmo os teólogos reunidos em Westminster conseguiram unanimidade
em todos os assuntos, que razões haveríamos para crer que iríamos chegar a tal
patamar?
Friso:
creio que o culto deve ser da maneira "x", mas conquanto eu creia que
estou acertando "deste lado", com certeza erro em tantos outros,
razão pela qual posso enxergar a multiforme graça e misericórdia de nosso
Senhor, o qual escolheu salvar tão terríveis pecadores e que em tantos pontos
discordam entre si, além de precisar ter sempre em mente que o tipo de culto
que julgo ser correto, pode, no fundo, conter algum erro.
Desta
forma, concluo que existe diferença: a primeira (heresia) é uma afronta direta
ao evangelho e compromete a união entre igrejas/indivíduos, enquanto a segunda
(erro teológico), uma divergência entre assuntos que, se comparados ao
essencial, são secundários e, portanto, passíveis de discussão e pontos de
vista diferentes.
FONTE:
http://2timoteo316.blogspot.com.br/search?updated-min=2015-01-01T00:00:00-03:00&updated-max=2016-01-01T00:00:00-03:00&max-results=22
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