REFORMADORES EM GENEBRA

REFORMADORES EM GENEBRA

sábado, 22 de agosto de 2015

Os Cinco Solas da Reforma

SOLA SCRIPTURA: A Erosão da Autoridade

Só a Escritura é a regra inerrante da vida da igreja, mas a igreja evangélica atual fez separação entre a Escritura e sua função oficial. Na prática, a igreja é guiada, por vezes demais, pela cultura. Técnicas terapêuticas, estratégias de marketing, e o ritmo do mundo de entretenimento muitas vezes tem mais voz naquilo que a igreja quer, em como funciona, e no que oferece, do que a Palavra de Deus. Os pastores negligenciam a supervisão do culto, que lhes compete, inclusive o conteúdo doutrinário da música. À medida que a autoridade bíblica foi abandonada na prática, que suas verdades se enfraqueceram na consciência cristã, e que suas doutrinas perderam sua proeminência, a igreja foi cada vez mais esvaziada de sua integridade, autoridade moral e discernimento.

Em lugar de adaptar a fé cristã para satisfazer as necessidades sentidas dos consumidores, devemos proclamar a Lei como medida única da justiça verdadeira, e o evangelho como a única proclamação da verdade salvadora. A verdade bíblica é indispensável para a compreensão, o desvelo e a disciplina da igreja.

A Escritura deve nos levar além de nossas necessidades percebidas para nossas necessidades reais, e libertar-nos do hábito de nos enxergar por meio das imagens sedutoras, clichês, promessas e prioridades da cultura massificada. É só à luz da verdade de Deus que nós nos entendemos corretamente e abrimos os olhos para a provisão de Deus para a nossa sociedade. A Bíblia, portanto, precisa ser ensinada e pregada na igreja. Os sermões precisam ser exposições da Bíblia e de seus ensino, não a expressão de opinião ou de idéias da época. Não devemos aceitar menos do que aquilo que Deus nos tem dado.

A obra do Espírito Santo na experiência pessoal não pode ser desvinculada da Escritura. O Espírito não fala em formas que independem da Escritura. À parte da Escritura nunca teríamos conhecido a graça de Deus em Cristo. A Palavra bíblica, e não a experiência espiritual, é o teste da verdade.

Tese 1: Sola Scriptura

Reafirmamos a Escritura inerrante como fonte única de revelação divina escrita, única para constranger a consciência. A Bíblia sozinha ensina tudo o que é necessário para nossa salvação do pecado, e é o padrão pelo qual todo comportamento cristão deve ser avaliado.

Negamos que qualquer credo, concílio ou indivíduo possa constranger a consciência de um crente, que o Espírito Santo fale independentemente de, ou contrariando, o que está exposto na Bíblia, ou que a experiência pessoal possa ser veículo de revelação.

SOLO CHRISTUS: A Erosão da Fé Centrada em Cristo

 À medida que a fé evangélica se secularizou, seus interesses se confundiram com os da cultura. O resultado é uma perda de valores absolutos, um individualismo permissivo, a substituição da santidade pela integridade, do arrependimento pela recuperação, da verdade pela intuição, da fé pelo sentimento, da providência pelo acaso e da esperança duradoura pela gratificação imediata. Cristo e sua cruz se deslocaram do centro de nossa visão.

Tese 2: Solus Christus

Reafirmamos que nossa salvação é realizada unicamente pela obra mediatória do Cristo histórico. Sua vida sem pecado e sua expiação por si só são suficientes para nossa justificação e reconciliação com o Pai.

Negamos que o evangelho esteja sendo pregado se a obra substitutiva de Cristo não estiver sendo declarada e a fé em Cristo e sua obra não estiver sendo invocada.

SOLA GRATIA: A Erosão do Evangelho

A Confiança desmerecida na capacidade humana é um produto da natureza humana decaída. Esta falsa confiança enche hoje o mundo evangélico – desde o evangelho da auto-estima até o evangelho da saúde e da prosperidade, desde aqueles que já transformaram o evangelho num produto vendável e os pecadores em consumidores e aqueles que tratam a fé cristã como verdadeira simplesmente porque funciona. Isso faz calar a doutrina da justificação, a despeito dos compromissos oficiais de nossas igrejas.

A graça de Deus em Cristo não só é necessária como é a única causa eficaz da salvação. Confessamos que os seres humanos nascem espiritualmente mortos e nem mesmo são capazes de cooperar com a graça regeneradora.

Tese 3: Sola Gratia

Reafirmamos que na salvação somos resgatados da ira de Deus unicamente pela sua graça. A obra sobrenatural do Espírito Santo é que nos leva a Cristo, soltando-nos de nossa servidão ao pecado e erguendo-nos da morte espiritual à vida espiritual.

Negamos que a salvação seja em qualquer sentido obra humana. Os métodos, técnicas ou estratégias humanas por si só não podem realizar essa transformação. A fé não é produzida pela nossa natureza não-regenerada.

SOLA FIDE: A Erosão do Artigo Primordial

A justificação é somente pela graça, somente por intermédio da fé, somente por causa de Cristo. Este é o artigo pelo qual a igreja se sustenta ou cai. É um artigo muitas vezes ignorado, distorcido, ou por vezes até negado por líderes, estudiosos e pastores que professam ser evangélicos. Embora a natureza humana decaída sempre tenha recuado de professar sua necessidade da justiça imputada de Cristo, a modernidade alimenta as chamas desse descontentamento com o Evangelho bíblico. Já permitimos que esse descontentamento dite a natureza de nosso ministério e o conteúdo de nossa pregação.

Muitas pessoas ligadas ao movimento do crescimento da igreja acreditam que um entendimento sociológico daqueles que vêm assistir aos cultos é tão importante para o êxito do evangelho como o é a verdade bíblica proclamada. Como resultado, as convicções teológicas freqüentemente desaparecem, divorciadas do trabalho do ministério. A orientação publicitária de marketing em muitas igrejas leva isso mais adiante, apegando a distinção entre a Palavra bíblica e o mundo, roubando da cruz de Cristo a sua ofensa e reduzindo a fé cristã aos princípios e métodos que oferecem sucesso às empresas seculares.

Embora possam crer na teologia da cruz, esses movimentos a verdade estão esvaziando-a de seu conteúdo. Não existe evangelho a não ser o da substituição de Cristo em nosso lugar, pela qual Deus lhe imputou o nosso pecado e nos imputou a sua justiça. Por ele Ter levado sobre si a punição de nossa culpa, nós agora andamos na sua graça como aqueles que são para sempre perdoados, aceitos e adotados como filhos de Deus. Não há base para nossa aceitação diante de Deus a não ser na obra salvífica de Cristo; a base não é nosso patriotismo, devoção à igreja, ou probidade moral. O evangelho declara o que Deus fez por nós em Cristo. Não é sobre o que nós podemos fazer para alcançar Deus.

Tese 4: Sola Fide

Reafirmamos que a justificação é somente pela graça somente por intermédio da fé somente por causa de Cristo. Na justificação a retidão de Cristo nos é imputada como o único meio possível de satisfazer a perfeita justiça de Deus.

Negamos que a justificação se baseie em qualquer mérito que em nós possa ser achado, ou com base numa infusão da justiça de Cristo em nós; ou que uma instituição que reivindique ser igreja mas negue ou condene sola fide possa ser reconhecida como igreja legítima.

SOLI DEO GLORIA: A Erosão do Culto Centrado em Deus

Onde quer que, na igreja, se tenha perdido a autoridade da Bíblia, onde Cristo tenha sido colocado de lado, o evangelho tenha sido distorcido ou a fé pervertida, sempre foi por uma mesma razão. Nossos interesses substituíram os de Deus e nós estamos fazendo o trabalho dele a nosso modo. A perda da centralidade de Deus na vida da igreja de hoje é comum e lamentável. É essa perda que nos permite transformar o culto em entretenimento, a pregação do evangelho em marketing, o crer em técnica, o ser bom em sentir-nos bem e a fidelidade em ser bem-sucedido. Como resultado, Deus, Cristo e a Bíblia vêm significando muito pouco para nós e têm um peso irrelevante sobre nós.

Deus não existe para satisfazer as ambições humanas, os desejos, os apetites de consumo, ou nossos interesses espirituais particulares. Precisamos nos focalizar em Deus em nossa adoração, e não em satisfazer nossas próprias necessidades. Deus é soberano no culto, não nós. Nossa preocupação precisa estar no reino de Deus, não em nossos próprios impérios, popularidade ou êxito.

Tese 5: Soli Deo Gloria

Reafirmamos que, como a salvação é de Deus e realizada por Deus, ela é para a glória de Deus e devemos glorificá-lo sempre. Devemos viver nossa vida inteira perante a face de Deus, sob a autoridade de Deus, e para sua glória somente.


Negamos que possamos apropriadamente glorificar a Deus se nosso culto for confundido com entretenimento, se negligenciarmos ou a Lei ou o Evangelho em nossa pregação, ou se permitirmos que o afeiçoamento próprio, a auto-estima e a auto-realização se tornem opções alternativas ao evangelho.



Fonte: Declaração de Cambridge. http://www.monergismo.com/textos/cinco_solas/cinco_solas_reforma_erosao.htm

A Verdade Sobre o Inferno - John MacArthur


O maldito poder da religião falsa - John MacArthur

Publicado em 17 de out de 2013
Pregação baseada em João 5, sobre a cura do paralítico do tanque de Betesda.

O Sentido Último da Verdadeira Feminilidade - John Piper

Publicado em 5 de mar de 2014
Baixe o vídeo e o ebook: http://fiel.in/verdadeira-feminilidade
A verdadeira feminilidade é um chamado distinto para demonstrar a glória do Filho de maneiras que não seriam demonstradas se não houvesse feminilidade. (John Piper)
Por: John Piper, pregado na conferência TrueWoman de 2008. © 2008 TrueWoman. Website: www.truewoman.com. Todos os direitos reservados. Original: http://www.truewoman.com/?id=336
Tradução: Alan Cristie. Revisão: Vinícius Musselman Pimentel -- Voltemos ao Evangelho © 2014 Todos os direitos reservados. Website: VoltemosAoEvangelho.com. Original: http://fiel.in/verdadeira-feminilidade

As Cinco Grandes Qualidades da Bíblia - Leandro Lima

Publicado em 4 de dez de 2014
Passagem Bíblica: 2 Timóteo 3:14-17
Data: 30/11/2014

A Singularidade de Jesus - Leandro Lima

Publicado em 26 de abr de 2014
Passagem Bíblica: João 14:1-14
Data: 13/04/14

Plano de Salvação Distorcido! - Josemar Bessa

Publicado em 21 de dez de 2012
13 de Dezembro de 2012 - Noite de Quinta-feira
Em Jardim da Luz - Rio de Janeiro - RJ

Onde Estão os Homens? - Paulo Junior

Publicado em 7 de out de 2014

Tens Nome De Que Vives, Mas Estás MORTO! - Paulo Junior

Publicado em 4 de ago de 2014

A Fé e Seus Efeitos - Augustus Nicodemus

Publicado em 23 de mar de 2013
Passagem Bíblica: Hebreus 11:30-40
Data: 17/03/2013

INTERCESSÃO: uma prática que pode trazer o avivamento pessoal - Wilson Porte

“Mudou o Senhor a sorte de Jó, quando este orava pelos seus amigos; e o Senhor deu-lhe o dobro de tudo o que antes possuíra.” 
Jó 42.10
Orar pelos outros
Uma definição simples de intercessão é esta: orar pelos outros. No entanto, a intercessão vai além do que pedir a Deus algo em favor da vida de outro. De acordo com o Dicionário Oxford de Igreja Cristã, intercessão não é apenas orar em favor dos outros. Além de fazer parte das liturgias cristãs mais antigas, a intercessão também se caracteriza por fazer algo por alguém, na história do cristianismo.
Ou seja, quando alguém está fraco em sua fé, é assistido por outro que intercede em seu lugar, ou em seu favor, a Deus, orando por essa pessoa (ou seja, no lugar dela, como se fosse ela), lendo a Bíblia por essa pessoa, além de realizar outros atos de devoção em lugar de alguém em uma situação específica da vida da pessoa na qual ela se encontra impossibilitada de continuar a realizar atos de piedade e devoção. Obviamente, isso tudo tem como propósito o socorro de Deus sobre a vida dessa pessoa.
Não entendemos claramente como se dá esse “colocar-se no lugar de”. Só sabemos que devemos viver como um corpo, de modo que, quando um sofre, todos sofrem, quando um se alegra, todos se alegram. Assim, então, quando algum membro do corpo é impossibilitado de fazer algo em sua piedade, espera-se que outra pessoa no corpo faça em lugar daquela impossibilitada. É isso que o Espírito Santo faz por nós, quando intercede por nós “com gemidos inexprimíveis” (Rm 8.26b), em nós, como se fosse nós. “Porque não sabemos orar como convém”, o Espírito intercede em nosso lugar.
A despeito dessa visão que também é contemplada na história da igreja, a intercessão ficou mais conhecida como a prática de orarmos uns pelos outros.
Esquecer-se de si 
A intercessão não é algo natural do ser humano. O que nos é natural é o egoísmo. A intercessão mata o egoísmo. A intercessão fez com que Jó, doente como estava, intercedesse por seus amigos, texto que lemos mais acima. Na situação de Jó, é natural que não lembremos dos outros, afinal, temos problemas demais em nós mesmos.
No entanto, o que agradou ao Senhor e fez com que este restaurasse tudo o que Jó havia perdido, foi o fato dele ter se lembrado de seus amigos, e orado por eles, apesar dele mesmo, Jó, ter problemas demais para apresentar ao Senhor. Jó não se preocupou apenas com seus próprios problemas, mas trouxe diante de Deus os problemas dos outros também. E isso agradou demais a Deus. O texto bíblico diz que foi quando Jó passou a interceder que o Senhor o abençoou e deu fim a todo o seu sofrimento.
Pense comigo, não é normal intercedermos pelos outros quando temos problemas pessoais ou em nossas famílias, não é verdade? Mas é exatamente isso que Deus espera que façamos: que esqueçamos de nós, de nossos problemas, e passemos a nos lembrar dos outros também, a nos colocar na pele dos outros, nos sofrimentos dos outros, a sofrermos o sofrimento dos outros a não apenas o nosso.
O que nos parece é que, quando paramos de pensar em nós e passamos a interceder pelos outros, Deus passa a cuidar de nós e de nossos problemas de um modo que, antes, não acontecia. A paz que sentido é patente. E tudo começa quando apresentamos a Deus nossos pedidos e súplicas, mas também apresentamos aquilo que tem feito outros sofrerem.
Vamos ver como isso se desenvolve, brevemente, nas Escrituras.
O Espírito faz isso 
Romanos 8:26–27: Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis.27E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos.
Bem, esse texto já foi rapidamente comentado mais acima, quando expliquei algo sobre a intercessão. Quando estamos fracos e incapazes, seja por qual motivo for, o Espírito ora em nosso lugar. E é “segundo a vontade de Deus que ele intercede pelos santos”.
Veja que o Espírito intercede por você. Agora mesmo, se ele compreende que você não tem condições de orar sozinho por sua própria vida, ou seja, que você está fraco, distante, incapaz espiritualmente, ele intercederá em seu lugar a fim que você fique firme.
Quando estamos bem, é isso que devemos fazer pelos outros também. O Espírito faz em nós e por nós a fim de que estejamos bem a ponto de podermos fazer isso pelos outros também.
Jesus faria isso
Isaías 53:12: Por isso, eu lhe darei muitos como a sua parte, e com os poderosos repartirá ele o despojo, porquanto derramou a sua alma na morte; foi contado com os transgressores; contudo, levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu.
O profeta Isaías prometeu que Jesus, quando viesse, faria isso por seu povo. Um detalhe interessante é que Jesus não faria isso apenas por aquelas pessoas já santas e redimidas, mas o faria por todas as pessoas, inclusive aquelas que estivessem em pecado. O profeta Isaías está nos dizendo que Jesus intercede inclusive por pecadores!
Creio que devemos seguir tal exemplo. Creio que também devemos orar por pessoas que estão distantes de Deus, que estão em pecado, sofrendo por causa de seus pecados e incapazes de clamar a Deus por restauração e perdão (devido ao distanciamento que essas pessoas possuem de Deus). O pecado as afasta de Deus, as impossibilita de clamarem por ajuda. Jesus intercede por elas.
Jesus continua fazendo isso
Hebreus 7:25: Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.
O que vemos neste texto, é que Cristo não apenas fez isso no passado, mas continua a fazer pelas pessoas que se converteram a ele. A prática da intercessão é presente na vida de Jesus. Cristo continua intercedendo por seu povo, pela vida das pessoas que se achegam a Deus. Ou seja, essa não é uma prática passada, mas presente, que, agora mesmo, ele realiza por você em mim.
Cristo é um exemplo para todos nós dia auto-negação, de pessoa que se importam mais com os outros do que consigo mesmo. E isso não acontece por qualquer sentimento especial que ele nutra a nosso respeito, mas por uma decisão de lembrar-se de nós, e de colocar-nos co nstantemente diante do trono da graça de Deus. Olhando para o exemplo de Cristo, deveríamos viver por interceder uns pelos outros também. Deveríamos lembrar sempre uns dos outros em nossas orações, a exemplo de Cristo, suplicando o favor, a misericórdia, e a graça de Deus sobre nossos amigos e irmãos em Cristo e também sobre a vida daqueles que estão ainda no pecado.
Jesus ensinou a fazer isso
Mateus 5:44: Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem;
Aqui, temos não o exemplo daquilo que Cristo faria, nem daquilo que ele fez, mas uma ordem daquilo que todos devemos fazer. Sua ordem contempla até mesmo nossos inimigos. E isso é impressionante. Não era comum no contexto judaico esse tipo de afirmação. Os ensinos rabínicos que hoje são conhecidos pelos manuscritos de Qumran ensinam exatamente o oposto, que os judeus deveriam odiar seus inimigos e não amar, muito menos orar, por aqueles que os perseguissem.
Enfim, esse ensino de Jesus é totalmente diferente de tudo o que se vivia na época. E esse ensinamento chega até nós como uma forma de nos fazer compreender a maneira como devemos tratar as pessoas que nos fazem mal, que nos persegue, que nos caluniam, traem, ofendem, etc. Devemos interceder por todas elas. Como faríamos isso sem que nos esquecêssemos de nós mesmos?
Paulo recomenda os efésios a fazerem isso
Efésios 6:18–20: com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos19e também por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra, para, com intrepidez, fazer conhecido o mistério do evangelho,20pelo qual sou embaixador em cadeias, para que, em Cristo, eu seja ousado para falar’ como me cumpre fazê-lo.
Por fim, temos esta recomendação do apóstolo Paulo aos efésios de que eles deveriam interceder uns pela vida dos outros também. Paulo recomenda que todos porém, supliquem, o tempo todo e não apenas em alguns cultos especiais. Eles deveriam vigiar com perseverança. E Paulo recomendar ao jovem Timóteo que transmitisse estas informações a todos os pastores sobre os quais ele ministraria. Estes pastores bem como suas igrejas deveriam manter o ensino da intercessão.
1 Timóteo 2:1–2: Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens,2em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranqüila e mansa, com toda piedade e respeito.
Paulo ensina Timóteo que ele deveria exortar a todos a fazerem isso. Paulo incluí aqui que a intercessão também deve ser feita em favor dos que nos governam. Paulo cita aqui os reis e todos os que se acham investidos de autoridade. A razão pela qual devemos interceder por todos eles, é para que tenhamos uma “vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito”.
Creio que a intercessão tem poder de nos trazer para mais perto daquilo que Deus espera que sejamos como seres humanos. Creio intercessão tem o poder de matar nosso egoísmo. Creio também que a intercessão tenho poder para despertar uma avivamento pessoal, e, quem sabe, um avivamento comunitário.
Conta-se a história de que o Conde Zinzendorf, um dos pais do avivamento morávio, líder de um grande movimento missionário, dava uma espécie de instrução espiritual a 9 meninas da idade de 10 a 13 anos. Essas aulas a essas crianças, segundo ele contou a sua esposa, não obtinham muita atenção da parte das meninas. Ele, porém, quis insistir com elas.
Ele se recorda que, em 16 de julho de 1727, Zinzendorf derramou seu coração em intercessão. Ele estava angustiado por essas meninas. Então, por 10 dias, de 17 a 27 de agosto de 1727, as intercessões dele foram respondidas e um grande derramamento do Espírito de Deus veio sobre aquelas garotas.
Com o tempo, mais e mais garotas e garotos, depois também adultos da comunidade de refugiados de Herrnhut vieram debaixo da influência do Espírito se juntar ela comunidade. Uma testemunha daqueles dias chegou a dizer que “não podia atribuir a causa daquele avivamento espiritual entre as crianças de Herrnhut a nada que não um maravilhoso derramar do Espírito de Deus”.1

Assim, creio que podemos desfrutar hoje também de um despertamento espiritual, à medida em que nos esqueçamos de nós mesmos e passemos a nos lembrar mais dos outros em nossas orações diárias. A intercessão tem sim o poder de mudar muita coisa em nossas vidas. Precisamos redescobrir essa prática diária em nossas vidas.

FONTE: http://www.wilsonporte.org/site/intercessao-uma-pratica-que-pode-trazer-o-avivamento-pessoal/

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

O ERRO DO SUPRALAPSARIANISMO - B. B. Warfield

Um dos principais motivos na estrutura do plano supralapsariano é o desejo de preservar o princípio particularista em todas as relações de Deus com os homens; não com respeito a salvação do homem somente, senão através de todo o curso da ação divina com respeito aos homens. Desde a criação, Deus vê os homens considerados como divididos em duas classes, os que recebem respectivamente o Seu imerecido favor, e os de Sua merecida reprovação. De acordo com isto, alguns supralapsiarianos colocam o decreto da discriminação primeiro na ordem de pensamento, precedente ao decreto da criação. Todos eles o colocam na ordem de pensamento precedente ao decreto da queda. É pertinente, portanto, enfatizar que a sua intenção de particularizar a relação total de Deus com os homens não está realmente realizado, e indubitavelmente não pode ser realizado pela natureza do caso. O decreto de criar ao homem, e mais particularmente o decreto de permitir ao homem cair no pecado, são necessidades universalísticas. Não somente alguns homens são criados, nem somente alguns homens são criados diferentes dos outros; senão que toda a humanidade está criada em sua primeira cabeça, e toda a humanidade está criada semelhantemente. Não se permite apenas a alguns homens cair; senão que todos os homens semelhantemente caem. O intento de colocar o particularismo fora da esfera do plano da salvação, onde o problema é diverso (porque somente alguns homens são salvos), na esfera da criação, ou da queda, onde o problema é comum (pois todos os homens são criados e todos são decaídos), fracassa por mera necessidade do caso. O particularismo pode entrar na questão somente onde os diversos argumentos demandam a postulação de diversas relações que objetivam a diferente fins. Não pode ser colocado na região das relações divinas com o homem anteriores à necessidade da salvação humana e das relações de Deus com ele com referência a uma salvação que não é comum a todos. O supralapsarianismo erra, em conseqüência, tão seriamente por uma lado, como o universalismo por outro. O infralapsarianismo oferece o único plano correto que é consistente por si mesmo, ou consistente com os fatos.


FONTE: http://textocalvinista.blogspot.com.br/2006/08/o-erro-do-supralapsarianismo.html. Extraído de B.B. Warfield, El Plan de la Salvación, pp. 20-21

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

IRREMEDIAVELMENTE PATRIARCAL - Steve M. Schlissel

É assim que feministas frequentemente descrevem a Bíblia. E estão certas. É totalmente patriarcal, do princípio ao fim. Como o amor e o casamento, a Bíblia e o patriarcalismo andam juntos. Qualquer tentativa de abandonar o governo dos homens precisa começar com a renúncia do governo de Deus, isto é, a Santa Bíblia.
As Escrituras são especialmente direcionadas aos homens. Todo cristão atencioso – homem, mulher e criança – sabe muito bem que ao se dirigir aos homens, Deus está se dirigindo a todos. Pois o homem é a cabeça nas diversas esferas pactuais e ao se dirigir aos homens, Deus deixa claro o que ele pensa sobre “linguagem inclusiva”.
Por exemplo, nos Dez Mandamentos, Deus ordena: “Não cobiçarás a mulher do teu próximo”. Ele não precisa repetir este mandamento de forma adaptada para as mulheres. Não que as mulheres sejam imunes da possibilidade de cair nesta tentação, mas porque, tendo falado com o homem, o mandamento se aplica a todos conforme sua posição.
Segundo Deuteronômio 16.16, os homens tinham a obrigação de comparecer três vezes por ano diante do Senhor (apesar das mulheres terem permissão de ir e frequentemente iam: 1Sm 1; Lc 2.39). Em Deuteronômio 29, o pacto é estabelecido especialmente com os homens israelitas: “Vós todos estais hoje perante o Senhor vosso Deus: os vossos cabeças, as vossas tribos, os vossos anciãos e os vossos oficiais, a saber, todos os homens de Israel, os vossos pequeninos, as vossas mulheres” (Dt 29.10-11).
No Novo Testamento, Mateus 14.21 registra que 5.000 homens foram alimentados (o que deveria ser em torno de 20.000 no total) e novamente restringe a contagem aos homens em Mateus 15.38 quando fala dos 4.000 que foram alimentados.
No Dia de Pentecostes, em Atos 2, Pedro é bem explicito (como o grego revela) ao falar dos “homens religiosos”(v. 5), “homens judeus” (v. 14), “homens irmãos” (vs. 29,37). Estevão direcionou seu discurso aos “homens, irmãos, e pais” (7.2) e Paulo fez o mesmo (22.1). Em Romanos 11.4, Paulo significativamente acrescenta a palavra “homens” em sua citação de 1Reis 19.18: “Reservei para mim sete mil homens, que não dobraram os joelhos a Baal”. E quando o apóstolo João escreveu para as igrejas, ele especifica jovens homens e pais como seus destinatários. Novamente, essa é a linguagem inclusiva da Bíblia.
Sim, as feministas estão certas quando reconhecem que a Bíblia é irremediavelmente patriarcal, pois nela encontramos que os homens são nomeados presbíteros (sem exceção), juízes (com uma exceção interessante), profetas (com poucas exceções), sacerdotes e apóstolos (sem exceções). Além disso, tentar encontrar uma anja se manifestando de forma feminina é procurar em vão.
Evidentemente, isso tudo é extremamente incômodo para aqueles que acham que Deus e sua Palavra estão fora de sintonia com os próprios desejos. A resposta de professores que gostam de ser chamados de “feministas evangélicos” é encontrar uma maneira hermenêutica ou exegética de negar aquilo que é obvio.
Alguns, por exemplo, têm defendido o que chamam de “hermenêutica escatológica” em oposição a “hermenêutica protológica”. Basicamente, essa invenção vã defende que o Gênesis não estabelece a norma ética para a igreja e sim o céu, pois lá está nossa cidadania. Sendo assim, ainda que seja possível que Eva tivesse algum papel de subordinação depois da queda (fazer com que feministas reconhecem pelo menos isso já é algo incrível!), nossa ética não flui do passado, mas do futuro. Como no céu não haverá macho ou fêmea (não pergunte sobre os 24 anciões ao redor do trono; simplesmente divirta os inovadores por um momento), devemos estar desenvolvendo as implicações desta verdade agora, na igreja e em todas as esferas, apagando distinções de papeis baseadas em sexo. Aparentemente, não passou pela cabeça desses espertalhões que para ser consistentes, eles devem, entre outras coisas, pedir que a igreja promova o fim completo do casamento neste mundo juntamente com o sexo!
Como Bavinck, Dabney e outros já disseram, somente os radicais permaneceram para a briga final, pois todas as tentativas de meio-termo fracassam por fraqueza. Sendo assim, devemos reconhecer que só existem realmente duas posições dignas de serem seriamente consideradas por um aprendiz: o feminismo consistente e o pactualismo bíblico consistente. E os dois lados reconhecem completamente que não é possível fazer com que a Bíblia ensine o que “feministas evangélicos” gostariam que ensinasse.
Já fazem mais de cem anos que Elizabeth Cady Stanton produziu “A Bíblia da Mulher”, na qual argumentou que o Judaísmo e o Cristianismo ortodoxo precisavam ser eliminados para que os ideais feministas (como seria chamado depois) pudessem triunfar. Sua intenção não era fazer com que a Bíblia parecesse menos “sexista”. Na opinião dela, isso seria impossível. Em vez disso, ela lutou para abolir a autoridade bíblica completamente, enfatizando o que julgava ser absurdo e contraditório.
A feminista contemporânea Naomi Goldenberg apresentou as premissas de Stanton à uma nova geração em seu livro, “A Troca dos Deuses”. “Muitas feministas de hoje não estão dispostas a rejeitar a tradição Judaico-Cristã de maneira tão completa. Então eles se voltam para a exegese com o objetivo de preservar os sistemas religiosos do Judaísmo e do Cristianismo. Preferem revisão à revolução”. Ela avisa às irmãs de batalha que isso é um empreendimento ilusório. “Jesus Cristo não pode simbolizar a libertação da mulher. Uma cultura que imagina sua divindade mais sublime como um homem, não é capaz de deixar que as mulheres se vejam como iguais aos homens”. Ela insiste que feministas precisam deixar Cristo e a Bíblia para trás.
A filósofa feminista Mary Daley usa uma linguagem mais violenta e fala sobre o Deus castrador. “Eu já sugeri que se Deus é homem então o homem é Deus. O patriarca divino castrará as mulheres enquanto ele tiver permissão para viver no imaginário coletivo”.
Theodore Letis (que já escreveu poderosamente sobre a raiz anticristã do feminismo) apropriadamente acusa comprometedores evangélicos e reformados: “É óbvio que todas as tentativas bem-intencionadas de evangélicos de ofuscar a ideia masculina da Divindade para apaziguar os feministas, longe de convencê-los, faz com que se tornem conspiradores nesta castração cósmica”. A luta por uma linguagem litúrgica “sexualmente neutra” provocou uma revisão em lecionários, saltérios (a Christian Reformed Church alterou o Salmo 1, “Bem-aventurado o homem…”, para “Bem-aventuras são…”), hinários e até traduções bíblicas foram revisadas.
Deus criou os homens para serem cabeças pactuais. A rejeição do patriarcalismo exige a rejeição da Bíblia e do Deus da Bíblia. Aceitar a Bíblia requer aceitar o patriarcalismo. Não é possível interpretar de qualquer outra maneira.
A má notícia é que o feminismo igualitário ficará pior e isso significa que as coisas irão piorar para mulheres e crianças, pois o patriarcalismo bíblico é a defesa mais segura das mulheres e crianças. A boa notícia é que o feminismo fracassará completamente, pois está fora de sintonia com a Palavra e o mundo de Deus. Você pode correr da verdade, mas não pode se esconder. E quando o juízo vier, montanhas caindo não serão suficientes para escondê-lo.
Uma das manifestações cômicas do anti-patriarcalismo é a tendência das mulheres de eliminar o sobrenome do casamento. “Nenhum homem vai me definir!” Mas, ao continuar com o sobrenome original, são simplesmente lembradas de que este foi o nome que a mãe recebeu do pai. E caso alguma feminista consiga fugir disso ao adotar o nome de solteira da mãe, só estarão retrocedendo uma geração, até a avó materna. Se continuarem irritadas, terão que retroceder até Eva para conseguir um nome que não veio de um papai. Mas, ainda assim, Eva recebeu seu nome de Adão (Gn 3.20).
Não há escapatória. Revolução não é fácil, não é mesmo? Mas, se submeter a Jeová é vida e paz. Graças a Deus: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Amém.



FONTE: http://monergismo.com/steve-schlissel/irremediavelmente-patriarcal/. Tradução: Frank Brito. Fonte: Faith For All Life

[MAIS DE] CINCO PONTOS DO [MEU] CALVINISMO - Augustus Nicodemus Lopes

(versão revisada depois de muitas pauladas)

Calvinistas estão entre as tradições religiosas mais mal compreendidas da história da Igreja. Sei perfeitamente que alguns deles fizeram por merecer. Há calvinistas que defendem suas convicções sem caridade, gentileza e sensibilidade para com quem diverge. Outros, não conseguem ouvir quem não seja calvinista. Não considero essas atitudes como intrínsecas ao calvinismo. As pessoas são assim porque lhes faltam domínio próprio e humildade, e não porque são calvinistas. Não há nada no calvinismo que exija que calvinistas sejam rudes, intransigentes, mal educados, excessivamente críticos e arrogantes.

Boa parte das acusações que têm sido feitas aos calvinistas, além de serem generalizações injustas, parecem proceder de uma falta de conhecimento adequado do que os calvinistas realmente acreditam. Como não falo por todos, vou dizer o que eu penso sobre alguns desses pontos mais polêmicos.

Para começar, o calvinismo não é um bloco monolítico. Há várias correntes dentro dele. Todas se vêem como legítimas herdeiras do legado de João Calvino, desde presbiterianos liberais até puritanos modernos. Considero-me um calvinista dentro da tradição teológica que elaborou e até hoje mantém a Confissão de Fé de Westminster, muito similar às demais confissões reformadas dos batistas, congregacionais, episcopais e reformados.

1 – Creio que Deus predestinou tudo o que acontece, mas não sou determinista. O Deus que determinou todas as coisas é um Deus pessoal, inteligente, que traçou seus planos infalíveis levando em conta a responsabilidade moral de suas criaturas. Ele não é uma força impessoal, como o destino. Não creio que os atos da vontade e da liberdade humanas sejam mera ilusão e que nossa sensação de liberdade ao cometê-los seja uma farsa, como o determinismo sugere. Eu acredito que as nossas decisões e escolhas são bem reais e que fazem a diferença. Elas não são uma brincadeira de mau gosto da parte de Deus. Os hipercalvinistas são deterministas quando negam a responsabilidade humana ou pregam a passividade dos cristãos diante de um futuro inexorável. Por desconhecer essa distinção, muitos pensam que todos os calvinistas são deterministas e que eles vêem o homem como um mero autômato.

2 – Creio que Deus é absolutamente soberano e onisciente sem que isso, contudo, anule a responsabilidade do homem diante dele. Para mim, isso é um mistério sem solução debaixo do sol. Não sei como Deus consegue ser soberano sem que a vontade de suas criaturas seja violentada. Apesar disto, convivo diariamente com essas duas verdades, pois vejo que estão reveladas lado a lado nas Escrituras, às vezes num mesmo capítulo e até num mesmo versículo!

3 – Encaro a relação entre a soberania de Deus e a responsabilidade humana como sendo parte dos mistérios acerca do ser Deus, como a doutrina da Trindade e das duas naturezas de Cristo. A soberania de Deus e a responsabilidade humana têm que ser mantidas juntas num só corpo, sem mistura, sem confusão, sem fusão e sem diminuição de ambas.

4 – Creio que Deus predestinou desde a eternidade aqueles que irão se salvar e, ao mesmo tempo, oro pelos perdidos, evangelizo e contribuo para a obra missionária. Grandes missionários da história das missões eram calvinistas convictos. Calvinistas pregam sermões evangelísticos e instam para que os pecadores se arrependam e creiam. Se quiserem um bom exemplo, leiam O Spurgeon que Foi Esquecido, de Iain Murray, publicado pela PES. Nunca as minhas convicções sobre a predestinação me impediram de ir de porta em porta, oferecendo o Evangelho de Cristo a todos, sem exceção. Após minha conversão, e já calvinista, trabalhei como evangelista e plantador de igrejas durante vários anos, em Pernambuco.

5 – Creio que Deus já sabe, mas oro assim mesmo. Sei que ele ouve e responde, e que minhas orações fazem a diferença. Contudo, sei que ao final, através de minhas orações, Deus terá realizado toda a sua vontade. Não sei como ele faz isso. Mas, não me incomoda nem um pouco. Não creio que minha oração seja um movimento ilusório no tabuleiro da predestinação divina.

6 – Não creio que Deus predestinou todos para a salvação. Da mesma forma, não creio que ele foi injusto nem fez acepção de pessoas para com aqueles que não foram eleitos. Não creio que Deus tenha predestinado inocentes ao inferno, pois não há inocentes entre os membros da raça humana. E nem que ele tenha deixado de conceder sua graça a pessoas que mereciam recebê-la, pois igualmente não há pessoa alguma que mereça qualquer coisa de Deus, a não ser a justa condenação por seus pecados. Deus predestinou para a salvação pecadores perdidos, merecedores do inferno. Ao deixar de predestinar alguns, ele não cometeu injustiça alguma, no meu entender, pois não tinha qualquer obrigação moral, legal ou emocional de lhes oferecer qualquer coisa. Penso assim pois entendo que a Queda de Adão veio antes da predestinação na seqüência lógica (não na seqüência histórica) em que Deus elaborou o plano da salvação.

7 – Creio que Deus sabe o futuro, não porque previu o que ia acontecer, mas porque já determinou tudo que acontecerá. Por isso, entendo que a presciência de que a Bíblia fala é decorrente da predestinação, e não o contrário. Quem nega a predestinação e insiste somente na presciência de Deus com o alvo de proteger a liberdade do homem tem muitos problemas. Quem criou o que Deus previu? E, se Deus conhece antecipadamente a decisão livre que um homem vai tomar no futuro, então ela não é mais uma decisão livre. Nesse ponto, reconheço a coerência dos socinianos e dos teólogos relacionais, que sentiram a necessidade de negar não somente a soberania, mas também a presciência de Deus, para poderem afirmar a plena liberdade humana.

8 – Creio que apesar de ter decretado tudo que existe desde a eternidade, Deus acompanha a execução de seus planos dentro do tempo, e se comunica conosco nessa condição. Quando a Bíblia fala de um jeito que parece que Deus nem conhece o futuro e que muda de idéia o tempo todo, é Deus falando como se estivesse dentro do tempo e acompanhando em seqüência, ao nosso lado, os acontecimentos. É a única maneira pela qual ele pode se fazer compreensível a nós. Quem melhor explica isso é John Frame, no livro Nenhum Outro Deus, que vai ser lançado em março pela Editora Cultura Cristã. Minha esposa teve o privilégio de traduzir e eu de prefaciar essa obra, que será a primeira em português a combater a teologia relacional.

9 – Creio que Deus é soberano e bom, mas não tenho respostas lógicas e racionais para a contradição que parece haver entre um Deus soberano e bom que governa totalmente o universo, por um lado, e por outro, e a presença do mal nesse universo. Diante da perversidade e dos horrores desse mundo, alguns dizem que Deus é soberano mas não é bom, pois permite tudo isto. Outros, que ele é bom mas não é soberano, pois não consegue impedir tais coisas. Para mim, a Bíblia diz claramente que Deus não somente é soberano e bom – mas que ele é santo e odeia o mal. Ao mesmo tempo, a Bíblia reconhece a presença do mal do mundo e a realidade da dor e do sofrimento que esse mal traz. Ainda assim, não oferece qualquer explicação sobre como essas duas realidades podem existir ao mesmo tempo. Simplesmente pede que as recebamos, creiamos nelas e que vivamos na certeza de que um dia ele haverá de extinguir completamente o mal e seus efeitos nesse mundo.

10 – Estou convencido que o calvinismo é o sistema doutrinário mais próximo daquele ensinado na Bíblia, ao mesmo tempo em que confesso que ele não tem todas as respostas. Leio autores das mais diferentes persuasões teológicas. Às vezes tenho sido mais desafiado e tenho aprendido mais com livros de outras tradições. Não deixo de ouvir alguém somente porque não é calvinista. Há calvinistas que não são assim. Contudo, é uma injustiça acusar a todos de estreiteza, sectarismo, obscurantismo e preconceito.


Deve ter ficado claro que um calvinista, para mim, é basicamente um cristão que tem a coragem de aceitar as coisas que a Bíblia diz sobre a relação entre Deus e o homem e reconhecer que não tem explicações lógicas para elas. Para muitos, esse retrato é de alguém teologicamente fraco e no mínimo confuso. Mas, na verdade, é o retrato de quem deseja calar onde a Bíblia se cala.


FONTE: http://tempora-mores.blogspot.com.br/2006/02/mais-de-cinco-pontos-do-meu-calvinismo.html

SUPRALAPSARIANISMO – A BELEZA DA LÓGICA E DA DOUTRINA - Jason Grabulis

           Há dois pontos de vista principais de como Deus decretou salvar os eleitos de toda a eternidade: o infralapsarianismo e o supralapsarianismo. O ponto de vista reformado dominante é o infralapsarianismo, mas célebres teólogos como Martinho Lutero, John Knox, Theodore Beza, Huldrych Zwinglio, Jerome Zanchius, eFranciscus Gomarus defendiam o supralapsarianismo. Ainda mais, três bem conhecidos teólogos modernos também têm defendido ardentemente o supralapsarianismo: Geerhardus Vos, Gordon Clark, e Dr. Robert Reymond.


            Aqui está uma breve análise dos dois pontos de vista com uma excelente atualização do supralapsarianismo que é convincente, bíblica e consistente logica e doutrinalmente.

Infralapsarianismo – refere-se à ordem histórica dos decretos de Deus na salvação. Assim eles ordenam os decretos de Deus na salvação como se segue:

1. O decreto de criar o mundo e todos os homens.
2. O decreto [decreto?] da queda de todos os homens no pecado.
3. O decreto de eleger alguns pecadores para a salvação e os reprovados para justiça.
4. O decreto de que a obra da cruz de Cristo realizaria a redenção pelos eleitos.
5. O decreto da obra da cruz de Cristo ser aplicada aos eleitos.

            Essencialmente, eles defendem que Deus primeiro decreta criar o mundo e permitir a queda antes de promulgar um princípio específico em Cristo entre os homens – assim “infra” depois do “lapso”, da queda. A ordem dos decretos segue a ordem cronológica da suposta execução na história. Infralapsarianos também defendem que a ordem deles dos decretos Deus distinguiu entre homens como pecadores e não entre homens como meramente homens – esta é a principal acusação deles contra o supralapsarianismo.

Supralapsarianismo – refere-se à ordem lógica/teológica dos decretos de Deus na salvação. Assim, eles organizam os decretos como se segue: 

1. O decreto de eleger alguns homens para a salvação e os reprovados para a justiça.
2. O decreto de criar o mundo e todos os homens.
3. O decreto da queda de todos os homens no pecado.
4. O decreto de que a obra da cruz de Cristo realizaria a redenção pelos eleitos.
5. O decreto da obra da cruz de Cristo de ser aplicada aos eleitos.

            Os supralapsarianos defendem que o princípio de particularização da obra da cruz de Cristo e para quem ela é o princípio unificador de todos os decretos – portanto ele vem antes (“supra”) da queda (“lapso”). Porém, os infralapsarianos acusam a visão supralapsariana tradicional como distintiva entre homens como homens e não como pecadores. 

            Porém, o Dr. Robert Reymond, antes do seminário teológico de Knox, faz um ajuste na visão histórica do supralapsarianismo. O ajuste que Dr. Reymond faz cria um esquema supralapsariano logica e doutrinalmente consistente. É como se segue:

1. O decreto de escolher alguns pecadores em Cristo e os reprovados para justiça a fim de manifestara graça de Deus dada aos eleitos.
2. O decreto de aplicar a obra da cruz de Cristo aos eleitos.
3. O decreto de realizar a obra da cruz de Cristo pelos eleitos.
4. O decreto de permitir a queda do homem no pecado.
5. O decreto de criar o mundo e todos os homens em e através de Adão.

            Assim, a ordem dos decretos é estruturada de acordo com como uma mente racional organiza um plano. A saber, uma mente racional começa com seu objetivo final e move-se progressivamente através de cada meio para alcançar aquele propósito. Portanto, a execução do plano é feita em ordem retrógrada de forma que o primeiro na realização é o último decreto e vice-versa.

     Adicionalmente, este esquema responde a crítica infralapsariana e retrata Deus como escolhendo os eleitos entre homens como sendo pecadores – resolvendo assim a crítica tradicional contra o supralapsarianismo.


FONTE:http://pelocalvinismo.blogspot.com.br/2014/06/supralapsarianismo-beleza-da-logica-e.html. Tradução: Francisco Alison Silva Aquino. Fonte: http://www.bringthebooks.org/2008/03/supralapsarianism-beauty-of-logic.html



ENTREVISTA SOBRE CESSACIONISMO E CONTINUISMO _ Augustus Nicodemus Lopes

Fiquei imaginando o que eu diria se fosse entrevistado sobre a cessação e a continuação dos dons espirituais mencionados na Bíblia, e daí nasceu esta sessão fictícia de perguntas e respostas. As perguntas estão em negrito e itálico.

Pastor Augustus, os dons espirituais cessaram?
Primeiro é necessário definir a que dons nos referimos. Acredito que o Espírito continua até hoje a conceder à Igreja a maioria dos dons mencionados na Bíblia. Mas, tenho a impressão que outros dons foram concedidos somente por um tempo a determinadas pessoas, para atender aos propósitos de Deus para aquela época. Estes não estariam mais disponíveis hoje. Por isto, é necessário, antes de qualquer coisa, esclarecer a que dons estamos nos referindo quando dizemos que os dons cessaram ou que continuam.

Outra coisa a ser levada em consideração é que, de acordo com a história bíblica, Deus não agiu sempre da mesma maneira em todas as épocas. Há muitas ações miraculosas e sobrenaturais que ocorreram somente uma vez ou durante um tempo específico e não foram repetidas. Portanto, por princípio, devemos admitir que Deus é soberano para agir de diferentes maneiras através da história, e que dentro desta ação, ele concede diferentes dons a diferentes pessoas em diferentes épocas. Assim, não podemos nem restringir a ocorrência de determinados dons somente a um período da história e nem requerer que todos os dons terão necessariamente de ocorrer em todos estes períodos.

Então, você não se definiria como um cessacionista?
Se por cessacionista você quer dizer uma pessoa que não acredita que o Espírito Santo conceda dons espirituais à sua Igreja nos dias de hoje, é claro que não sou cessacionista. Se, por outro lado, um continuísta seria alguém que acredita que todos os dons espirituais mencionados na Bíblia estão disponíveis hoje à Igreja, bastando ter fé para recebê-los, é claro que também não sou um continuísta. Creio num caminho intermediário para o qual ainda não achei um nome. Não posso ser chamado de cessacionista e nem de continuísta, pois creio que alguns dons continuam como eram no Novo Testamento, outros cessaram e outros continuam apenas em parte.

Bem, a discussão moderna gira mais em torno dos dons chamados sobrenaturais, como curas, línguas, profecias... se Deus é o mesmo hoje, ontem e eternamente, estes dons não estariam disponíveis hoje, como estavam na época dos apóstolos?
Poderíamos perfeitamente aplicar a estes dons e outros o princípio acima, de que Deus age de maneiras diferentes em épocas diferentes. Não podemos confundir a imutabilidade de Deus - que significa que ele não muda em seu ser e seus atributos - com a “mesmice” de Deus, que significa que ele sempre age da mesma forma. Teoricamente, ele poderia ter concedido os dons relacionados com curas, línguas e profecias a algumas pessoas durante o período apostólico e uma vez cessado aquele período, suspendido a atuação dos mesmos. Não vejo em que admitir isto afeta a imutabilidade de Deus ou diminui o seu poder e sua glória. Querer que Deus sempre atue da mesma maneira, isto sim, engessa Deus num padrão rígido e não admite que Ele tenha maneiras diferentes de agir em épocas diferentes para atingir seus propósitos.

Mas o que havia de tão especial no período apostólico para Deus conceder estes dons sobrenaturais?
Foi o período de transição entre a antiga e a nova alianças. Teve a ver com a vinda de Jesus Cristo ao mundo e o cumprimento de todas as promessas que Deus havia feito a seu povo pelos profetas de Israel. Foi a inauguração dos últimos dias, do fim dos séculos, da última hora e do fim dos tempos. Foi a época em que o Espirito prometido foi derramado. Deus levantou os Doze e Paulo para através deles explicar e registrar estes fatos no Novo Testamento. Era necessário, portanto, que o período mais importante da história da redenção fosse marcado por sinais, prodígios e maravilhas feitos por pessoas extraordinárias como os apóstolos e seus associados. Era preciso deixar claro que era Deus quem estava por detrás daqueles acontecimentos e da mudança da aliança. Uma parte dos dons mencionados no Novo Testamento está relacionada diretamente com este período e com os apóstolos, como o dom de curar e fazer milagres e a profecia como veículo de novas revelações. O dom de línguas, aparentemente, estava também associado àquela época, como sinal externo da chegada do Espírito Santo aos diferentes grupos que compunham a Igreja em seu início (judeus, samaritanos, gentios e discípulos de João Batista). Mas, parece que ele servia a outros propósitos além deste mencionado. 

A questão é que estes dons aparecem em algumas das listas de dons espirituais do Novo Testamento como ferramentas do Espírito dadas a todos os crentes para edificar a igreja de Cristo. E agora?
Não vejo dificuldades. Estas listas aparecem em Efésios 4, Romanos 12, 1Coríntios 12 (2 listas) e 1Pedro 4. O que precisamos é definir com mais precisão o que significam cada um destes dons. O que significa, por exemplo, o dom de profetizar, que aparece nestas listas? Os crentes que tinham o dom de profetizar nas igrejas cristãs eram profetas iguais a Isaías e Jeremias, que foram capazes de predizer o futuro de Israel e das nações com incrível precisão? Ou será que os profetas cristãos se limitavam a edificar, exortar, consolar e instruir as igrejas, como Paulo diz em 1Coríntios 11:3 e 31? E o que significa o dom de curar e de realizar milagres? Por que só encontramos este dom associado ao ministério dos apóstolos? E por falar nisto, o que significa “apóstolo” na lista de Efésios 4? O termo pode significar tão somente enviados, missionários, sem qualquer relação com os Doze e Paulo. Infelizmente as pessoas não levam em conta que existem determinados aspectos da função do profeta, do ofício do apóstolo e mesmo do dom de línguas, os quais parecem estar relacionados somente àquela época. Se levarmos em conta estas coisas, podemos até dizer que todos os dons continuam hoje, mas que alguns aspectos ou atributos deles cessaram após o período dos apóstolos.

E qual seria então o critério para dizermos quais os dons que permanecem para os dias de hoje e quais os que cessaram?
Acredito que a regra de ouro é esta: todos os dons que foram veículos de novas revelações ou que estavam ligados diretamente aos instrumentos das revelações, que foram os apóstolos, cessaram com a morte deles. Ilustrando, o dom de profecia continua hoje, conforme entendo, mas somente enquanto exortação, consolo, confrontação pela Palavra. Já o aspecto revelatório da profecia que vemos, por exemplo, em João ao escrever Apocalipse, ou em Paulo e Pedro ao prever como será o futuro, a vinda de Cristo, a ressurreição dos mortos, etc., isso certamente não faz parte da profecia hoje. Já cessou.

Da mesma forma o dom do apostolado. Se entendermos apóstolo como missionário, enviado das igrejas para pregar o Evangelho aos povos (é este o sentido básico do termo em grego), não vejo problemas em dizer que ainda hoje temos apóstolos entre nós, que são os missionários que vão desbravar campos ainda não atingidos pelo Evangelho. Mas, certamente não existem mais apóstolos no sentido dos Doze e Paulo, que viram o Senhor Jesus ressurreto, foram chamados diretamente por Ele pessoalmente ou numa aparição após a ressurreição, e que receberam não somente poderes extraordinários de curar e realizar milagres, como foram também veículos da revelação divina, tendo profetizado acerca do futuro de Deus para seu povo e o mundo. E mais, seus escritos às igrejas foram inspirados pelo Espírito Santo, de forma que são infalíveis e inerrantes, sendo a própria Palavra de Deus. Obviamente, nenhum dos que se intitulam de apóstolo hoje tem estas credenciais. Portanto, não podem ser considerados apóstolos como Pedro, Tiago, João e Paulo. Este é um dos dons que permanece hoje somente em parte.

Por este critério o dom de línguas teria cessado também?
Não necessariamente, pois, até onde eu entendo, ele não era revelacional, isto é, não era veículo de novas revelações, como a profecia. Acredito que o relato de Atos e de 1Coríntios 14 nos dão informações suficientes de que o conteúdo das línguas era o louvor a Deus (Atos 2:11; 10:46). O dom consistia na capacidade de louvar e exaltar as grandezas de Deus num idioma que a pessoa desconhecia, e que tinha de se traduzido para a edificação da igreja. Portanto, teoricamente, este dom não precisaria ter cessado pois não era revelacional. Todavia, temos indícios significativos da história da igreja de que ele cessou após o período apostólico. Na eventualidade de uma ocorrência genuína deste dom hoje, esperaríamos que fosse de acordo com as regras bíblicas de 1Coríntios 14: dois ou três falando, em sequência, e com interpretação. Como normalmente não é este o caso nas igrejas que dizem ter este dom, continuo tendo dúvidas de que o que está acontecendo nelas é a manifestação do genuíno dom de línguas. Mas, em tese, estou aberto para a ocorrência do dom genuíno.

Mas, então, isto quer dizer que os crentes que falam em línguas são mentirosos ou estão sendo influenciados pelo diabo?
Claro que não. Seria uma temeridade afirmar este tipo de coisa. Prefiro pensar que em boa parte das ocorrências são irmãos em Cristo sinceros que pensam estar de fato falando em línguas por terem sido ensinados desta forma dentro de determinados ambientes. Eles foram ensinados que falar em línguas é balbuciar palavras sem sentido num êxtase emocional. Há alguns que inclusive foram ensinados por seus pastores a como fazer isto, tipo “relaxe a língua, forme uma palavra desconhecida em sua mente e repita até que saia espontaneamente da sua boca...”

Não consigo perceber qual é o mal em se falar em línguas hoje nas igrejas. Qual o problema?
Se as línguas faladas não forem de Deus, a imitação delas deve trazer algum prejuízo ou perigo de natureza espiritual. Não posso afirmar ao certo, mas imagino que pode produzir arrogância, falsa espiritualidade, e abrir a porta para a atuação de demônios ou da natureza pecaminosa do homem. Na verdade, estes perigos estão presentes em qualquer manifestação que seja meramente humana, e não somente línguas.

Alguns diriam que você nunca falou em línguas porque nunca foi realmente batizado com o Espírito Santo...
Hehe, eu sei, já me disseram isto na cara, num congresso de irmãos pentecostais onde estive como visitante. Bom, a minha resposta é que acordo com Paulo todos os crentes verdadeiros já foram batizados com o Espírito Santo (1Cor 12:13) mas nem todos falam em línguas (1Cor 12:30). Se não for assim, terei de dizer que os reformadores e os grandes missionários da história da igreja nunca foram batizados com o Espírito Santo, pois nunca falaram em línguas. Todavia, se formos fazer uma comparação, eles fizeram mais pelo Reino de Deus do que estes que hoje insistem em dizer que as línguas são o sinal inequívoco do batismo com o Espírito Santo...

Mudando de assunto... Deus cura hoje?
Sem dúvida alguma. Eu mesmo já fui curado por Deus. Todavia é preciso fazer a diferença entre o dom de curar e as curas que Deus faz em resposta à oração. Aqueles que tinham o dom de curar - e parece que estava restrito aos apóstolos e seus associados - nunca falhavam. Cada vez que determinavam a cura, ela acontecia. Não há caso registrado de alguém com dom de curar, como Paulo e Pedro, terem comandado a cura que ela não tenha acontecido. E estamos falando da cura de cegos, coxos, aleijados, surdos e mudos, muitos dos quais nem tinham fé. E mesmo da ressurreição de mortos. Obviamente não apareceu depois dos apóstolos ninguém na história da Igreja, até os dias de hoje, com este mesmo poder. E estou falando de homens como Agostinho, Lutero, Calvino, Wesley, Whitefield, Hudson Taylor, Spurgeon, Moody e outros homens de Deus, que não podem ser acusados de não terem fé ou de serem carnais.

Isso não quer dizer que Deus deixou de curar depois dos apóstolos. Ele cura sim, ao responder as orações por cura quando quiser. E nem sempre ele responde positivamente. Se fosse feita uma pesquisa, aposto que ela revelaria que existe proporcionalmente o mesmo número de doentes entre aqueles que dizem acreditar que o dom de curar existe hoje e aqueles que acham que já cessou. Isto é, vamos encontrar nos leitos dos hospitais proporcionalmente o mesmo número de membros doentes de igrejas que dizem ter o dom de curar e daquelas que não pensam assim.

Jesus disse certa feita que quem cresse nele faria os mesmos sinais que ele fez. Esta promessa é verdadeira ou não?
O que Jesus disse foi que eles fariam as mesmas obras. Ele não disse que fariam os mesmos sinais (ver João 14:12). Embora o termo “obras” possa se referir aos milagres dele, é mais provável que Cristo se referia à obra de evangelização e conquista de almas, que foi efetivamente a única obra que os apóstolos fizeram que era maior do que as realizadas por ele. Sobre isto, escrevi um post aqui no blog O Tempora, O Mores, dando as razões exegéticas para esta interpretação. A verdade é que nunca ninguém conseguiu superar os milagres de Jesus ao longo de dois mil anos de história do Cristianismo.

E quanto a sonhos e visões?
De acordo com o autor da carta aos Hebreus, Deus de fato se revelou de maneira extraordinária antes de Cristo, falando através dos profetas por meio de visões e sonhos, conforme encontramos no Antigo Testamento. Com a vinda do Senhor Jesus, que é a Palavra encarnada e portanto a última e maior revelação de Deus, estes modos de revelação cessaram, à medida que os apóstolos e escritores no Novo Testamento registraram de maneira infalível e definitiva esta última revelação.

Não digo que Deus não possa hoje se manifestar de maneira extraordinária a um crente. Mas, então, seria o caso de uma experiência pessoal, que não pode ter validade e utilidade pública e nem ser usada como meio para se impor alguma prática ou doutrina aos demais. A maneira geral, normal e esperada de Deus se comunicar conosco hoje é pelo Espirito falando pelas Escrituras e pela sua Providência, que é a maneira sábia pela qual Deus controla e governa os acontecimentos.

Vamos voltar ao dom de profecia. Afinal, ele existe hoje ou não?
Depende do que estamos falando. Os profetas do Antigo Testamento, como Isaías e Ezequiel por exemplo, receberam de Deus revelações quanto ao futuro de Israel, nas nações daquela época e da humanidade em geral. Estas revelações foram registradas em livros com o nome destes profetas e fazem parte da Bíblia. Além da profecia preditiva, os profetas exortavam o povo de Deus a que se arrependessem de seus pecados e voltassem à obediência da aliança. Na verdade, os livros deles trazem proporcionalmente muito mais exortações e advertências do que predições do futuro.

Os sucessores dos profetas do Antigo Testamento foram os apóstolos do Novo Testamento. Paulo, Pedro, João e os demais apóstolos também receberam revelações de Deus quanto ao futuro, a saber, a vinda de Cristo, a ressurreição dos mortos, o novo céu e a nova terra.

Os profetas das igrejas locais no período apostólico não eram iguais aos profetas do Antigo Testamento como Isaías, Jeremias, Oséias, Joel, Amós, etc. Entendo que o dom de profecia que aparece nas listas de dons do Novo Testamento se refere à capacidade dada por Deus a determinadas pessoas para trazerem uma palavra de Deus à igreja, baseada nas Escrituras, em momentos de crise e necessidade. O profeta exortava, edificava e instruía os crentes reunidos. Não vejo qualquer base para dizermos que o dom de profetizar no Novo Testamento é o poder para revelar o que está acontecendo na vida íntima dos outros ou anunciar o futuro da vida das pessoas. Se fosse feito um registro da quantidade de profecias deste tipo que se mostraram falsas, não cumpridas ou que são tão gerais que cabe tudo nelas, já teríamos concluído de vez que o dom de profetizar não é isto.

Mas, e o caso do profeta Ágabo no livro de Atos que profetizou por duas vezes acontecimentos futuros?
Ágabo profetizou por duas vezes fatos que estavam relacionados com a vida e o ministério do apóstolo Paulo, durante o período em que as Escrituras estavam sendo feitas e no qual Paulo era o principal protagonista. Me parece claramente uma situação excepcional e bastante diferente do período atual da história da igreja.

Não acha que essa sua posição acaba por extinguir e apagar o Espírito e impedir a ação de Deus no meio de seu povo? Não é este o pecado imperdoável, a blasfêmia contra o Espírito Santo?
Acho que o maior pecado contra o Espírito é desobedecer as orientações que Ele nos deu na Bíblia para examinarmos todas as coisas. Ele orientou os escritores bíblicos a escreverem aos crentes dizendo que eles deveriam estar atentos contra manifestações espirituais que não procediam de Deus, contra a ação de falsos profetas e falsos irmãos e mesmo contra a ação de espíritos enganadores que são capazes de realizar sinais e prodígios (Apocalipse 16:14). O Espírito nos chama a discernir os espíritos, a exercitar o bom senso e usar a razão. Pecamos contra o Espírito ao aceitarmos as manifestações espirituais de maneira crédula, sem exame ou análise, renunciando às orientações bíblicas e à nossa razão. É pela omissão dos crentes que os falsos profetas entram nas igrejas e disseminam heresias perniciosas.

Qual o seu comentário final aos nossos ouvintes?

Não considero a questão da contemporaneidade dos dons como sendo uma daquelas que se acham no coração do cristianismo. Não estou negando a importância da discussão se todos os dons que aparecem na Bíblia estão disponíveis hoje ou não. A verdade é que cristãos verdadeiros que são cessacionistas ou continuístas têm o mesmo desejo, que é servir a Deus de todo coração e serem instrumentos de bênção para os outros. Por outro lado, se não tivermos uma compreensão clara de um assunto como este, poderemos não somente nos privar da verdade como também promover a mentira – em ambos os casos, mesmo que o prejuízo não seja fatal, certamente afetará a nossa vida e das pessoas ao nosso redor.



FONTE: http://tempora-mores.blogspot.com.br/search?q=CESSACIONISMO