O problema é que nós, como os discípulos antes de nós,
frequentemente somos mais zelosos pelo nosso próprio sucesso, pela nossa
própria glória do que o somos pelo reino. Eles queriam saber quem seria o
primeiro no reino. Muitas vezes fazemos o mesmo. A noção de “a teologia da
glória” é um meio de nos advertir contra essa tentação. Fundamentada no
pensamento luterano, somos lembramos que as armas da nossa guerra não são
carnais (2 Coríntios 2.10), que o primeiro será o último e o último será o
primeiro (Mateus 20.16). Somos chamados a morrer pelos nossos inimigos, e não a
matá-los; a dar livremente em vez de tomar; a oferecer a outra face; e até
mesmo a viver em paz e quietude com todos os homens, tanto quanto possível.
Isso os luteranos chamam sabiamente de “a teologia da cruz”. Devemos viver
vidas de sacrifício.
Um retrato desequilibrado do lado da glória é encontrado no
evangelho da prosperidade. Essa heresia ensina que é a vontade de Deus que
todos nós desfrutemos de grande saúde e riqueza, que como filhos do Rei todos
devemos viver como príncipes. Um retrato desequilibrado do lado da cruz é
encontrado na heresia ascética – não coma, não beba, não toque. Aqui as bênçãos
de Deus são malvistas, vistas como sinal de mundanismo e não como dons das mãos
de Deus. Aqui a pobreza é vista como uma virtude em si mesma. O pior de tudo é
que essa perspectiva pode se degenerar numa negação do reinado de Cristo sobre
todas as coisas.
Nosso chamado não é buscar nosso próprio conforto, muito
menos nossa glória. Antes, somos chamados a tornar conhecida a glória do nosso
Rei. Devemos tornar visível o reino invisível de Deus. Contudo, fazemos isso
através de meios ordinários. À medida que trabalhamos fielmente, em vez de
subir a escada financeira, à medida que trocamos fraldas, em vez de contar o
nosso ouro, à medida que Ele é exaltado e nós humilhados, não estamos evitando
a glória da cruz, mas sim abraçando a glória da cruz. Vivemos morrendo.
Vencemos perdendo. Conquistamos recuando. Nos orgulhamos de nossa fraqueza.
Jesus reina. Mas quanto a nós, seus súditos, não são muitos
os sábios, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres. Portanto, aquele que
se gloria glorie-se no Senhor. Quando mais manifestamos a Cristo e ele
crucificado, mais manifestamos o seu reinado soberano.
FONTE: http://monergismo.com/rcsprouljr/o-que-e-a-teologia-da-gloria/ (Highlands Ministries - Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto – junho/2012)
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