Recentemente fui
questionado se seria correto dizer que, na história do mundo, dinastias e
civilizações inteiras de fato naufragaram na rocha da homossexualidade. Minha
resposta foi que não deveríamos pôr as coisas desse modo. Claro, eu creio que a
prática homossexual é imoral e proibida pela Lei de Deus. Todavia, em Romanos
1.21 – 32, Paulo põe dessa forma: deixaram de servir a Deus para servirem à
criatura. Como uma consequência, Deus entregou-lhes às paixões impuras.
Homossexualidade é julgamento de Deus sobre uma sociedade que abandonou a Deus
e adora a criatura em vez do Criador. A apostasia espiritual é a rocha na qual
as culturas, incluindo a nossa, foi fundada, e a homossexualidade é o
julgamento de Deus sobre tal apostasia. Esta é a razão porque a
homossexualidade era uma prática comum entre as antigas culturas pagãs; na
verdade, é uma prática comum entre a maioria das culturas pagãs, incluindo a
nossa crescente cultura neo-pagã. Em resumo, a ideia de que a tolerância da
homossexualidade é um mal que conduzirá ao julgamento de Deus não é bíblica,
pois coloca o carro na frente dos bois. É exatamente o contrário! A prevalência
da homossexualidade em uma cultura é um sinal seguro de que Deus já tem
executado ou está executando sua ira sobre a sociedade por sua apostasia. A
causa deste julgamento não é a prática imoral da homossexualidade (apesar dos
atos imorais homossexuais); mas sim, sua apostasia espiritual. A prevalência da
homossexualidade é o efeito, não a causa da ira de Deus visitando aquela
sociedade. E em uma sociedade cristã (ou talvez devesse dizer “pós-cristã”),
isso significa, inevitavelmente, que a prevalência da homossexualidade na
sociedade é julgamento de Deus sobre a igreja por sua apostasia, sua
infidelidade para com Deus, porque o julgamento de Deus começa com a Casa de
Deus (1Pe 4.17).
Esta, decerto,
não é uma mensagem popular aos cristãos. É fácil levantar o dedo para os
pecados e imoralidades grosseiros, mas a igreja está muito menos disposta a
considerar seu papel nos males sociais que maculam nossa era. A apostasia
espiritual que nos levou à presente condição começou na igreja, e grande parte
do fracasso da sociedade moderna, que os cristãos corretamente lamentam pode,
em alguma medida, ser atribuída a esta apostasia da igreja como a causa
fundamental. E mesmo agora a igreja recusa-se a assumir sua responsabilidade
para preservar a sociedade deste mal tão sério, tendo abdicado de seu papel
profético como porta-voz de Deus para a Nação.
Claro, isto não
quer dizer que não deveríamos desafiar o lobby gay e não trabalharmos para
estabelecer uma moralidade bíblica em nossa sociedade. Nós devemos. Mas, também
devemos escolher as prioridades corretas; e eu temo que a igreja tenha um
diagnóstico equivocado destes problemas e tenha escolhido errado as suas
prioridades. A Igreja sofre com o flagelo homossexual, tanto quando, e talvez
mais, do que qualquer outro setor da sociedade (com exceção da mídia e do mundo
do entretenimento). Para maior parte deste século, a igreja tem procurado um
deus feminino para substituir o Deus da Bíblia. Nós tivemos ministros que
ensinaram, agiram e pregaram como mulheres há muitos anos. O Ministério
Pastoral de nossa geração é, no geral, caracterizado pela feminilização. O
crescente número de homossexuais no ministério é, penso, simultaneamente uma
causa e efeito relacionados a isto e, ao mesmo tempo, uma manifestação do
julgamento de Deus sobre a igreja. Muitas vezes, é claro, o julgamento funciona
numa relação de causa e efeito, porque toda criação é obra de Deus; portanto,
ela funcionada de acordo com Seu plano e vontade. A igreja tem se tornado
completamente efeminada por causa de um clero efeminado. O Ministério hoje é
dirigido primariamente por mulheres, e ministros têm começado a pensar e agir
como mulheres, porque o Cristianismo tem se tornado naquilo que é chamado de
“religião salva-vidas” – mulheres e crianças primeiros. E o mundo vê isso bem
adequadamente.
Por exemplo,
foi-me dito em mais de uma ocasião por pastores e presbíteros que, quando eles
visitam os membros de suas igrejas, se porventura o homem da casa vem
recebê-los à porta, frequentemente a primeira coisa que este homem diz é: vou
buscar a esposa. Pastores e Presbíteros estão ali para mimar as mulheres e as
crianças; ou então, como pensa o mundo, isto é simplesmente porque o ministério
na igreja é frequentemente dirigido principalmente às mulheres e crianças, e
não aos homens. Tenho observado o mesmo tipo de coisa em reuniões das igrejas.
Se alguém levanta uma questão doutrinária ou mesmo assuntos sérios sobre a
missão da igreja, o interesse é quase nulo. No entanto, frequentemente tem
havido, e continua havendo, enormes problemas doutrinários e problemas
relacionados ao entendimento da igreja de sua missão no mundo, incomodando
essas igrejas; apesar disso, estas igrejas nem mesmo consideraram que isso
merece discussões nas reuniões de liderança da igreja. Os líderes da Igreja
falarão de maneira interminável sobre “relacionamentos” e afins, mas evitarão
questões doutrinárias [como evitam] a praga porque estes assuntos são
considerados causas de divisão e que dificultam os “relacionamentos”.
Agora, no fundo
eu creio que isto é um sério problema criado pela feminização da liderança da
igreja. A agenda da liderança, que é uma agenda masculina, foi substituída por
uma agenda feminina, que é um desastre para liderança. A igreja tem abandonado
o Deus das Escrituras pelo conforto de uma divindade do tipo feminino que não
requer líderes eclesiásticos que exponham doutrinas bíblicas ou ajam com
convicção de acordo coma Palavra de Deus (ambos são percebidos, muitas vezes
com razão, como causador de divisão – Mt 10. 34ss); mas, em vez disso, exige
líderes simplesmente para mãe de suas congregações de uma forma feminina. Isso,
naturalmente, produz ministros efeminados e uma igreja efeminada. Mas, isto não
é simplesmente uma causa e efeito impessoal relacionadas. Deus age através de
causas secundárias em sua Criação para executar sua vontade. Um ministério
efeminado e uma igreja efeminada são a resposta de Deus para a determinação de
a igreja substituir o Deus da Escritura por um deus do sexo feminino; e esta
cruzada contra o Deus da Bíblia tem sido em sua própria maneira, uma
característica do evangelicalismo, como abertamente tem sido a característica
do liberalismo que os evangélicos dizem abominar, mas ainda assim, estão
dispostos a imitar.
Este não é um
problema apenas agora na igreja, mas porque está na igreja, a sociedade em
geral é agora feminizada e efeminada. Somos governados por mulheres e homens
que pensam e agem como mulheres. Mas, as mulheres não fazem bons governos em
geral. Em Margaret Thatcher tivemos uma situação inversa: uma mulher que
pensava mais como um homem deve pensar, mas a exceção não anula a regra. Eu não
estou discutindo um ponto político aqui, nem endossando qualquer posição
[política]; até porque eu acredito que isto tudo é parte da situação em
julgamento. O mundo está de cabeça para baixo, porque os homens viraram de
cabeça para baixo por sua rebelião contra Deus. Jean-Marc Berthoud frisou bem
este ponto em seu artigo “Humanism: Trust in Man – Ruin of the Nations”, o qual
eu recomendo em relação a este tópico. Agora somos governados por mulheres e
crianças (Is 3.4, 12)
Mas, a Liderança
não é feminina. Líderes Efeminados não governam bem, seja o Estado, seja a
Igreja. É vital que a Justiça seja temperada com Misericórdia. Mas alguém não
pode temperar a Misericórdia com a Justiça. Quando a misericórdia é colocada
antes da justiça, as sociedades sofrem colapsos nas situações idiotas que temos
hoje, onde os criminosos são libertos e as pessoas inocentes são condenadas.
Por exemplo, as punições infligidas aos motoristas por inadvertidamente
dirigirem um pouco acima do limite da velocidade hoje, mesmo onde não há perigo
envolvido, são muitas vezes mais graves do que os castigos infligidos aos
ladrões. E hoje um pai pode ser punido por bater em um filho travesso – mesmo
que tal castigo seja realizado num ambiente de amor e disciplina e não haja
perigo para criança – mas ainda assim, alguém pode, com impunidade, assassinar
os filhos ainda não nascidos. O Estado ainda paga por esses abortos,
fornecendo-lhes o Sistema Único de Saúde.
Creio que isto é
o resultado final da feminização de nossa cultura. Pensa-se, frequentemente,
que a liderança feminina é mais compassiva, mais carinhosa. Isto é um mito que
a ideologia feminista tem trabalhado nas percepções populares da realidade em
nossa cultura. Pelo contrário, a cultura feminista é uma cultura violenta, uma
cultura que produz o aborto e ao mesmo tempo exige que se extinga as coisas
tipicamente masculinas. Uma situação mais perversa é difícil de se imaginar. Em
última análise, o feminismo é, na prática, inerentemente violento,
intrinsecamente instável, intrinsecamente perverso, inerentemente injusto,
porque ele é todas essas coisas em princípio, a saber, a rejeição da ordem
criada por Deus; e as consequências de um compromisso religioso sempre se
desenvolverão na prática. O Feminismo está, agora, desenvolvendo as
consequências práticas de sua visão religiosa da sociedade (e isto é sua
religião).
As igrejas têm
falhado em ver isso. Elas têm abraçado o feminismo vigorosamente, e como
consequência, se tornaram uma importante avenida pela qual o Feminismo tem sido
capaz de influenciar nossa cultura. O clero estava envolvido na feminização da
fé e da igreja bem antes do Movimento Feminista tivesse se tornado consciente
na percepção popular. E a feminização de nossa cultura é um dos principais
motivos para sua anarquia e violência. Por exemplo, o resultado da feminização
da sociedade tem sido a de que os homens perderam o seu papel em muitos
aspectos. O feminismo tem definido homens em nada mais do que briguentos ou
efeminados. Na perspectiva feminista, estas são as duas alternativas para os
Homens, embora isso não possa ser entendido por muitas feministas; talvez
normalmente não seja, porque o Feminismo é ingênuo e não opera com base na
razão, mas na emoção; e estas coisas trazem-nos novamente ao problema da
liderança e governos femininos. Emoções não lideram ou governam bem. Para as
Feministas, os homens são governantes incapazes; as mulheres devem governar.
Agora nós temos o
governo de mulheres e homens efeminados. O efeito de colocar as virtudes
femininas no lugar das virtudes masculinas, e as virtudes masculinas no lugar
das virtudes femininas tem sido a de subverter a ordem criada. Como resultado,
a justiça é desprezada e a misericórdia é transformada e colocada em seu lugar.
A Liderança é masculina, mas é preciso temperá-la com as virtudes feministas.
Quando as virtudes feministas estão na liderança, as virtudes masculinas não
podem funcionar; a masculinidade é feita desnecessária. Isto é um dos problemas
mais sérios da nossa sociedade. O Feminismo tornou a liderança masculina na
igreja e da nação obsoleta e, agora, estamos colhendo as consequências
espirituais e sociais disto. A Justiça é uma vítima! A misericórdia cessa de
ser misericórdia e torna-se indulgência dos piores vícios. Violência, anarquia,
desordem e uma sociedade disfuncional são o legado da Feminização de nossa
Sociedade, porque neste sentido, nem as virtudes masculinas, nem as femininas
podem desempenhar apropriadamente seu papel. O mundo é posto de ponta cabeça.
Até mesmo as igrejas “crentes na Bíblia” são anestesiadas na sua apostasia em
relação a este e muitos outros assuntos em nossa sociedade. Temos uma igreja
efeminada, e uma sociedade efeminada e, portanto, a resposta de Deus tem sido
um ministério cada vez mais homossexual e uma crescente sociedade homossexual.
Este é o justo julgamento de Deus sobre nossa apostasia espiritual.
A resposta é o
arrependimento, voltar-se para Deus e abandonar nosso caminho de rebelião
contra a ordem divina da Criação. A igreja deve começar isto. O julgamento
começa com a igreja (1Pe 4.17) e o arrependimento também. Eu não creio que
resolveremos o problema homossexual até reconhecermos sua causa. É o julgamento
de Deus sobre a apostasia da Nação. Liderando o caminho para esta apostasia
estava a igreja.
O que tenho dito
acima não significa minimizar a seriedade do problema homossexual, nem sua
imoralidade. Mas devemos reconhecer isto como uma manifestação do julgamento de
Deus, como Paulo tão claramente ensina em Romanos, capítulo um. A resposta está
em combater as causas, enquanto não deixamos de fazer as outras coisas. O que
eu disse aqui não significa promover uma diminuição da oposição cristã aos
direitos homossexuais por qualquer meio; mas significa encorajar a uma maior
leitura do problema, porque é nesta vasta leitura do problema que detectamos a
causa e esperamos a solução para o problema.
Fonte: http://monergismo.com/stephen-perks/a-igreja-efeminada/
(Christianity and Society, Volume X, Number 1, January 2000, p. 2 – 3.
Tradução e
adaptação: Gaspar de Souza)
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